(…) Foi pelo fim da tarde. Distribuída por dois jipes, uma patrulha fazia-se conduzir de regresso ao aquartelamento. A tarde fora ocupada com um reconhecimento do terreno. Aparentemente, os relatórios não mentiam e o inimigo batera em retirada. Como ainda faltassem algumas horas para o anoitecer, e posto que, naquela zona, os últimos incidentes fossem já uma lembrança remota, decidiram fazer um desvio pela savana inexplorada. A certa altura, no aberto da paisagem, avistaram uma nuvem de poeira. Um dos soldados assestou os binóculos e declarou tratar-se de uma manada de antílopes, em debandada. Pensaram inflectir rumo e ir ao encontro dela, persegui-la, exercitar a pontaria; no lapso da decisão, porém, avolumou-se a evidência: inexplicavelmente, os animais agrupados, como que percebendo a presença dos soldados, decidiram investir na direcção deles. Uma massa de cinquenta ou sessenta animais em tropeada, mesmo que dóceis, num entardecer inimigo, pertencem à ordem do pressentimento. Sobressaltados, os soldados empunharam as armas. Quando por fim se reuniram aos veículos, que se mantinham em movimento, os animais dispuseram-se na distância conveniente e, concertadamente, como um único organismo, formaram duas filas, uma de cada lado, e pela velocidade dos veículos acertaram, confiantes, a cadência do seu galope.